Escavações no château-refúgio de Luís XIV encontraram históricos coprólitos (paleopoop), reveladores da pompa dos jantares da corte, mas também das doenças que afetavam a nobreza.
Personagem de Andrea Camileri, inspetor Salvo Montalbano é campanilista, adepto (avant la lettre) do movimento slowfood. Como siciliano, mergulha numa Pasta alla Norma.
O funcionário público Samuel Pepys escreveu um diário por 10 anos, espelhando a vida de ingleses do século XVII. Gostava de pastelões de cervo. Para comemorar sucesso de cirurgias, festejava com boa comida.
Uma das bebidas preferidas de Ernest Hemingway era o mojito, do Floridita, na Cuba onde morou. Mas foi com Mâcon da Borgonha que embalou uma viagem pela França com Scott Fitzgerald.
O poeta Apollinaire preparou lagosta para Picasso, na cozinha de seu pequeno apartamento, época em que Paris era uma festa e acolhia artistas 'exilados' de todo mundo. No La Tour D'Argent, em Paris, o pato prensado faz parte de um espetáculo gastronômico. O charme: o comensal recebe um cartão com o número do cannard que degustou, já com muitos dígitos.
Archestratus de Gela escreveu versos como se fossem dicas dos melhores ingredientes de seu tempo (350 a.C.). Por que não as enguias de Messina? E o que comiam os heróis de Homero?
O chowder de mariscos foi o prato de resistência servido aos marinheiros que Melville dissecou no seu livro Moby Dick. Um mar de vinho Marsala engoliu Woodhouse no seu desembarque na Sicília.
Não havia anchovas. O cozinheiro do rei tratou de recriá-las com os nabos e sementes de papoula. Já a folha oblonga da planta Peixinho, empanada, até parece um lambari, mas não engana ninguém.
As içás do menu indígena, comida 'sã', foi parar em pratos de restaurante gourmet. Alex Atala conheceu as formigas da Amazônia. Monteiro Lobato escreveu: são como caviar.
A história da sedução à mesa nunca mais foi a mesma depois dos banquetes de Cleópatra para Marco Antônio. Nos 'churrascos' pré-históricos, o auroque antecipou o prazer pelo ossobuco.
Cedric Dickens, neto do escritor Charles Dickens, classifica os bebedores dos romances do avô: daqueles capazes de beber um Tâmisa inteiro aos que não dispensam um grog para celebrar a amizade.
O imperador Napoleão Bonaparte fazia refeições frugais, em 15 minutos, mas entendia a importância da mesa requintada para a diplomacia, entregue para o garfo número um: Talleyrand.